sábado, 6 de novembro de 2010

Brasilia: 40 anos

INTRODUÇÃO

No dia 21 de abril a cidade de Brasília completa 40 anos. A nova capital foi inaugurada em 1960, último ano do mandato do presidente Juscelino Kubitschek, que durante toda a campanha presidencial defendeu a criação da nova cidade, que passou a ser vista como símbolo da modernidade e principalmente de um novo Brasil.
A modernidade não estava apenas nas linhas das construções de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa no traçado da cidade, mas principalmente na idéia de desenvolvimento global que a nova cidade representava.




A HISTÓRIA

Durante o período colonial alguns já falavam na interiorização da capital, como os inconfidentes mineiros, que pretendiam fazer de São João del Rei a capital do país livre.
A primeira idéia concreta em relação a transferência da capital apareceu em 1823, com a proposta de José Bonifácio de Andrada e Silva, que inclusive sugeriu o nome de Brasília para a nova capital.
Com a proclamação da República nova Constituição foi elaborada e novamente a idéia foi debatida, sendo aprovado um dispositivo que determinava a realização de estudos para a construção da futura capital; porém, o processo e as verbas necessárias não saíram do papel. Durante o governo de Rodrigues Alves no início do século, o Rio de Janeiro, então capital, foi reurbanizado fortalecendo a tendência de manutenção pelos anos subsequentes. Após o movimento de 1930, a idéia foi retomada com a Grande Comissão Nacional de Revisão territorial e Localização da Capital, controlada pelo IBGE, porém este foi um período de crise e com o início do Estado Novo em 37 a idéia foi novamente "esquecida".
Após este período, a idéia voltou revigorada, aprovada na Constituição de 1946, que determinava que a nova capital fosse instalada no Planalto Central. Comissões de estudos foram formadas e o nome Brasília foi consagrado; em 1953 o presidente Vargas contrata uma empresa norte americana para fazer o levantamento aéreo da região escolhida no Planalto Central.

Juscelino Kubitschek

Candidato a presidência pela coligação PSD -- PTB, Juscelino em seu primeiro comício no interior de Goiás afirmou que construiria a nova capital. Com o slogam de "50 anos de progresso em 5 anos de governo" a modernização do país era o eixo do discurso do candidato e a nova capital não só encaixava-se perfeitamente nesse discurso, como passou a simbolizar a própria modernidade. Depois de eleito, JK assinou a Mensagem de Anápolis, lançando as bases para a criação da NOVACAP ( Cia Urbanizadora da Nova Capital) que iniciou os trabalhos a 3 de novembro de 1956, seguindo o projeto de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.
A inauguração, em 21 de abril de 1960, realizou-se com grande festa, foi coberta por jornalistas de diversos países e vista como início de uma Nova Era.

Desenvolvimentismo e Nacionalismo

Identificar a idéia de desenvolvimentismo no governo JK não é difícil. O desenvolvimento tradicional, que é a visão predominante, que significa na prática o aumento da produção industrial, a urbanização, enfim "as obras".
Durante esse período a taxa de crescimento real da economia foi de 7% ao ano, a produção industrial cresceu 100%. Todo esse desenvolvimento foi definido a partir do Plano de Metas, que priorizou a substituição de importações nos setores de bens de capitais e bens de consumo duráveis.

O Estado continuou a financiar grande parte das indústrias de base através de novas emissões de moedas ou de empréstimos externos. que pretendia um processo de integração com outros setores da vida nacional. Já o setor de bens de consumo desenvolveu-se a partir da internacionalização da economia e para isso utilizou-se a instrução 113 da SUMOC ( Superintendência da Moeda e do Crédito) que garantia a importação de máquinas e equipamentos no exterior, sem impostos, desde que os empresários estrangeiros tivessem sócio nacional.
Desta maneira realizou-se a abertura do mercado nacional para as grandes empresas estrangeiras, que passaram a investir maciçamente no Brasil, numa época onde havia disponibilidade de capitais devido a retração da indústria de guerra. Assim, os EUA e outras nações européias retomavam a expansão imperialista.

Apesar do crescimento da produção interna, cresceu também a dependência tecnológica, pois as empresas aqui instaladas continuavam a importar máquinas; e a dependência financeira fruto do maior endividamento e da remessa de lucros realizadas pelas multinacionais.
O crescimento urbano foi acompanhado pelo crescimento de uma "classe média", em grande parte vinculada ao setor de serviços, ampliando-se também o consumo. Com um volume menor de dinheiro em circulação, a inflação voltou a crescer e apesar dos investimentos públicos no setor de serviços, as cidades não estavam preparadas para o crescimento, pois atraíam milhares de homens que abandonavam o campo. A política para o setor agrária caracterizou-se pela manutenção do modelo tradicional. A concentração fundiária manteve-se e foi menos questionada, uma vez que toda a discussão econômica passou a basear-se no desenvolvimento industrial. Desta maneira, os financiamentos tradicionais garantiram a manutenção do latifúndio ao mesmo tempo em que a não existência de uma nova política para o campo garantia o afluxo constante de mão de obra barata para as cidades.

Um dos primeiros exemplos dessa inversão pode ser presenciado na própria construção de Brasília, onde o trabalhador, chamado então candango, torna-se uma figura peculiar, inclusive do ponto de vista cultural, homens de diversas regiões, principalmente do nordeste, trabalhadores braçais, unidos a partir do ideal de que constroem -- literalmente- o progresso.




A crise econômica manifestou-se com intensidade no final do governo JK, eliminando grande parte do ufanismo desenvolvimentista, fazendo com que o candidato oficial, o Marechal Lott saísse derrotado na disputa pela sucessão presidencial.

FONTE: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=16

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